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sábado, 7 de novembro de 2009

Gildo de Freitas Vs. Teixeirinha XI

Dando seguimento a serie de artigos sobre a rivalidade entre Gildo de Freitas e Teixeirinha chegamos ao penúltimo capitulo dessa saga.


Ultimas escaramuças


Pois chegamos as ultimas musicas que fazem parte da chamada ‘trova a distancia’ entre Gildo de Freitas e Teixeirinha.


Gildo de Freitas entre os anos de 1981 e 1982 a maior parte do tempo internado em hospitais, mesmo assim conseguiu gravar aquele que seria seu ultimo Long Play que foi Figueira Amiga. Nesse Lp ele dava seqüência a serie de provocações que fazia a Teixeirinha com a musica Que Negrinha Boa.

Fiquem com a letra:


Compositor: Gildo de Freitas

Álbum: Figueira Amiga

Ano: 1982


Que Negrinha Boa


O povo já descobriu

Que eu gosto da Gabriela

Pegaram nós se beijando

Numa festa na capela

Ela é louquinha por mim

E eu louquinho por ela

Por isso me resolvi

Juntar os trapos com ela

Tenho medo é de um artista

Que anda de olho nela

-Olho Grande!


De noite quando eu me deito

Ao lado da minha bela

Eu fecho a porta com a chave

Ponho a tranca e a tramela

O gavião é perigoso

Mete o bico na janela

Tenho medo é de um artista

Que anda de olho nela


Ela deita no meu braço

Eu durmo nos braços dela

Ela agarradinha em mim

E eu agarradinho nela

Bem magrinha e bem pretinha

Negra boa de costela

Tenho medo é de um artista

Que anda de olho nela


Não tem prata nem brilhante

Que pague a minha donzela

Francamente eu até tenho

Bastante ciúmes dela

Eu agora vou pra casa

Pra cuidar da Gabriela

Por que já tem outro artista

Que anda de olho nela

-Quem será?


Eu cuido da minha negra

Dou sopinha na tigela

Dou café, almoço e janta

Mingauzinho com canela

Tiro o pó todo da casa

Lavo os pratos e a panela

Não precisa trabalhar

Eu faço tudo por ela

Vou bater no Teixeirinha

Por andar de olho nela

-Não mete a mão na sopa quente, nanico!

-Fecha a gaita Arlindo!


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Alguns especialistas dizem que Gildo de Freitas provocou Teixeirinha através da Mary Terezinha já que nessa época o relacionamento entre eles já estava conflituoso. Mas não há forte indícios na letra da música, entretanto Gildo encerra com grande estilo sua guerra musica contra Teixeirinha. Melhor do que ler é ouvir:



De volta as armas...


Ainda em 1982, Teixeirinha resolve responder duas provocações numa só musica, no Lp Que Droga de Vida encontramos a música Dois Quarenta e Cinco. Muitos “especialistas” negavam que essa música era para Gildo de Freitas, porque em nenhum momento parecia claro que o alvo dessa música era o Rei dos Trovadores. Mas isso tem uma explicação, a letra que estou postando abaixo é original do Lp de 1982 onde consta uma introdução falada onde claramente Teixeirinha responde “Que negrinha Boa” do Gildo de Freitas.

Não sei por qual motivo nas remasterizações que foram lançadas em cds nos últimos anos as gravadoras simplesmente apagaram esse trecho descaracterizando o contexto de uma época, isso prejudicou o entendimento de muitos que não compreendiam essa musica. Mas o Blog Gildo de Freitas mais uma vez de forma inédita resgata mais essa perola da musica gaúcha, fiquem com e letra:


Dois Quarenta e Cinco


-Háhaha, o Gildo Freita inventou de me

mandar as mulheres todas pra mim, também

o velho não pode mais!


Conheço um sujeito

Que é fora do trilho

Que é bom no gatilho

Ele anda dizendo

Que puxa primeiro

E na hora da briga

Que a bala castiga

E não fica devendo


Eu queria ele

Prá meu companheiro

Prá no entrevero

Nós brigar de dois

Mas ele invocou-se

Com a adaga de “s”

E diz que aparece

Prá levar depois

-Mas quem é tu para levar a minha adaga

traz mais uns dois junto contigo.


Pois traz teu revolver

Que a adaga não vai

Ganhei do meu pai

Eu falo e não brinco

Não é só com ela

Que eu pensei brigar

Vamos nos pegar

Com dois quarenta e cinco


Ouvi o teu papo

Que puxas primeiro

Que é o mais ligeiro

Pois vem que eu te espero

Se eu for o mais rápido

Tu morre e não fala

Porque a minha bala

Boto aonde eu quero

-Nunca errei um tiro na minha vida


Vai cair da mão

O teu quarenta e cinco

Em cima do zinco

Da casa de alguém

O teu apelido

Vai ser mão furada

Prá outra pegada

Nunca mais tu vem


Porque tua mão

Vai perder a destreza

Não faz mais proeza

Nem prá gafanhoto

De ti me falaram

E não é mentira

Que tu só atira

É com o lado canhoto

-E pra mim não tem lado não o

cara, é dum jeito ou do outro

é pela esquerda ou pela direita

vem, vem que te espero.


Agora tu pensas

Se vem ou não vem

Por mal ou por bem

Será bem aceito

Eu estou aqui

E não sou assustado

Prá mim não tem lado

Esquerdo ou direito


Pense bem no caso

Que tu me propõe

Talves te dispõe

A pensar diferente

Se vier e na certa

Meu baú se infarta

Com mais uma carta

De um cara valente

- Agarra essa petiço barrigudo!


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Mais apelidos....


Teixeirinha agora arruma mais um apelido para Gildo de Freitas, além de petiço, agora era barrigudo. Mas para muitos fãs de Gildo de Freitas, nessa vez Teixeirinha foi desleal de mais, já que Gildo de Freitas em seus últimos anos de vida de fato estava barrigudo, mas não por ser obeso, mas era culpa de suas enfermidades que o levava a passar vários meses em hospitais, e Teixeirinha usar isso para atacar o Gildo, poderia se interpretado como covardia. Mas a mais elementos que provam que essa música era para o Gildo. Teixeirinha fala que o desafiante era canhoto, fala em guardar a carta, e de fato Gildo era canhoto e costumava mandar cartas ao Teixeirinha, como já ouvimos na musica “Resposta da Facão Três Listras”. Por isso não há razões em não acreditar que “Dois Quarenta e Cinco” era dedicado a Gildo de Freitas e foi essa a ultima provocação que Gildo de Freitas ouviu nos discos do Teixeirinha, já que naquele mesmo ano de 1982, na madrugada de 4 de dezembro, Gildo de Freitas deixava a vida para se tornar uma lenda da música e da trova Rio Grandense.


Em dezembro encerraremos a serie Gildo de Freitas, colocando um ponto final nessa briga, pelo menos aqui no Blog Gildo de Freitas.



Edit: 13/12/09

O Amigo Jorge Fraga enviou-me a seguinte letra:

Tanto a pé como a cavalo

Puxei o pingo tubiano
E botei o sirigote
E como quem não quer nada
Fui saindo meio a trote
A procura de um fandango
Ou baile de cola fina
Pra dançar com alguma china
Vaneira, rancheira e chote

Ninguém me guenta
Quando entro no embalo
Eu sou gaúcho
Tanto a pé como a cavalo

Peguei a estrada real
Depois dobrei a direita
E nunca tinha cruzado
Em estrada tão estreita
Quando descobri o baile
Fiquei cheio de alegria
Escutei a cantoria
Do Velho Gildo de Freitas

Ninguém me guenta
Quando entro no embalo
Eu sou gaúcho
Tanto a pé como a cavalo

A gabriela estava lá
Negra boa de costela

Paguei entrada e entrei
E dancei com a Gabriela
Gastei tudo o meu dinheiro
Bebendo junto com ela
E pra não passar vergonha
E continuar farreando
Vendi o pingo tubiano
A troco de bagatela

Ninguém me guenta
Quando entro no embalo
Eu sou gaúcho
Tanto a pé como a cavalo

Quando terminou o baile
Todo mundo foi embora
Com os arreios nas costas
Fui saindo estrada a fora
Com a cara desencharrida
Pesando na Gabriela
Sem cavalo e sem donzela
To vivendo até agora

Ninguém me guenta
Quando entro no embalo
Eu sou gaúcho
Tanto a pé como a cavalo

Essa música é do Velho Milongueiro, lançada na mesma época de "Que Negrinha Boa".

Para ver os artigos anteriores click Aqui.

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