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sábado, 14 de fevereiro de 2009

Gildo Vs. Teixeirinha II

Vejam também:

Gildo vs. Teixeirinha


A Jibóia engole o Gildo...


Como a música “Cobra Sucuri” era uma provocação (apesar da música ter sido cantada por ele próprio em seu Lp), Teixeirinha não perdeu tempo,e no mesmo ano gravou e lançou a música Cobra Jibóia está sim uma provocação ao Gildo de Freitas. Essa música está no Long Play “Etá Gaúcho Bom” de 1963.

Nessa música Teixeirinha diz em provocação ao Gildo que desta vez ele não conseguiu engolir a cobra, e que essa Jibóia acabou engolindo o Gildo e que o compadre acabou saindo pelo o outro lado da Cobra. A seguir a letra da música :


Cobra Jibóia

Autor: Teixeirinha

(Etá Gaúcho Bom,1963)


“Hehe, é verdade na outra vez o compadre engoliu a Cobra Sucuri mas agora apareceu a Jibóia e eu quero ver como ele vai se arrumar.”


Eu hoje estou me lembrando mas não é da sucuri

É de uma cobra maior lá do rio capicui

Quinze metros é o tamanho e a mais grossa que eu já vi

Uma tal cobra jibóia dessa o compadre não ri


Os pescadores não pescavam de tanto medo que tinham

Mandei chamar meu compadre me mandou dizer que vinha

Sem demora ele chegou lambendo a sua faquinha

Me perguntou debochando a onde está a cobrinha


Eu disse pro meu compadre está no rio capicui

Vai andando pela costa a cobra anda por ali

Meu compadre envermelhou e disse tu tem que ir

Então prá não apanhar junto eu tive que sair


Nós chegamos na barranca meu corpo se arrepiava

Meu compadre se lambia, de medo eu assobiava

A água fez uma onda na onda a cobra espiava

Daqui a pouco a cobra veio eu senti que me molhava


Meu compadre vendo a cobra já fez uma pirueta

Manobrava sua faquinha e eu fazia careta

A cobra veio piando subindo na barranqueta

E eu também já fui subindo num pé de figueira preta


Lá de cima eu tava vendo meu compadre atrapalhado

Querendo engolir a cobra mas dessa vez foi trocado

Ela que engoliu ele tive pena do coitado

Mas meu compadre foi vivo e já saiu do outro lado


Conseguiu matar a cobra, lá de cima eu não desci

Meu compadre estava bravo e eu quase morto de ri

Ele perguntou porquê eu então lhe respondi

Cobra cumprida demais o senhor não pode engolir


Abre o olho Teixeirinha!


Cronologicamente Baile de Respeito do Gildo e Baile de Mais Respeito do Teixeirinha foram gravadas e lançadas antes, mas a música que foi a resposta para essa “Cobra Jibóia” foi à música“Abre o olho Rapaz” e pelo tom da resposta o Gildo não gostou da historia dele ter sido engolido pela cobra e sair pelo outro lado. Essa musica está no Lp de 1966 “Desafio do Padre e o Trovador”.

Nessa resposta o Gildo confirma que foi engolido pela cobra, mas acrescenta que saiu pelo mesmo lado que entrou e ainda alfineta o Teixeirinha que em outras palavras chama de covarde cantando que o Teixeirinha dispara de qualquer cobrinha.

E se em outra encarnação o Teixeirinha vier cobra não é para engolir, pois ele ia saltar de exporá para judiar do Teixeirinha.



Abre o Olho Rapaz:


Teixeira anda dizendo que quando matei uma Jibóia eu entrei pela boca da cobra e sai lá nem sei por donde seu.


Essa historia de Jibóia

Que o Teixeira têm contado

Que a Jibóia me engoliu

Mas não foi por descuidado

Ela abriu-se eu saltei dentro

Depois cheguei lá no centro

Pra descansar um bocado

Mas naquela mesma hora

Ela abriu-se eu saltei fora

Mas porém do mesmo lado

Comigo não têm esse negocio de entrar em picada e procurar atalho seu.


O Teixeira não te mete

Fazer o que o “Freita” faz

Tu nem deve de chegar

Perto desses animais

Pode alguma Sucuri

De lá sai e te engoli

Tu abre o Olho Rapaz

Já na entrada tu cai

Depois o Sr. não sai

Nem por diante e nem por traz

Não te mete Teixeira!


Tu deixa pra o Gildo Freita

Que é de raça destemida

E a minha carne por cobra

Ainda não foi mordida

Coragem eu tenho de sobra

Não é a primeira cobra

Que eu já deixei sem vida

Eu não sou o Teixeirinha

Que enxerga qualquer cobrinha

Corre fazendo ladanhia


E agora Teixeirinha

Vou botar banca pra ti

Se na outra encarnação

Você vier cobra pra qui

Não venha com idéia louca

De vir abrindo a boca

Pensando de me engoli

Tu abrindo a boca eu entro

Mas vou de exporá pra dentro

Que é só pra judiar de ti

E de depois que eu te judiei

Eu vou sair por onde entrei

Que é pra ver o povo rir...



A Cascavel do Gildo

Mas é lógico que o Teixeirinha não perdeu tempo e em 1966, no Lp “Teixeirinha no Cinema” está à música “A Cobra Cascavel”. Música que encerra a discórdia sobre as cobras. Nela Teixeirinha diz que não adianta o Gildo reclamar que ele vai comer cobra a vida inteira. Ainda fala dos Bailes de Respeito e de Mais Respeito.

E o que chama a atenção é que nas músicas anterior não havia a letra "a" antes do titulo da música o que pode siginificar nas entrelinhas que "A cobra Cascavel" é Gildo de Freitas.

Na música , Teixeirinha não economiza em citar a palavra compadre, fiquem com letra:


A Cobra Cascavel


Te prepara compadre Gildo que eu vou chutar no teu gol de novo!


Eu estes dias fui dar uma volta

Andava na margem don rio Taquari

Fiquei sabendo que o rico compadre

Gildo de Freita andava por ali

Tava comendo uma cascavel

Prima-irmã da cobra Sucuri

Vinha ser neto da cobra Jibóia

Meu compadre gostando engoliu

Quando a cobra desceu na barriga

Ele deu um grito e eu tive que rir

Que cara feia ele fez


Eu perguntei porque ele gritou

Naquela hora que a cobra desceu

Ele esticou a barriga pra frente

Deu um gemido e depois se encolheu

A cascavel pulava na barriga

No seu umbigo por dentro mordeu

Botão a mão para a cobra não sair

Deitou no chão rindo adormeceu

Fiquei olhando por todos os lados

E cobra veia não apareceu

Ele só roncava satisfeito!


Ele dormindo e sonhando com a cobra

Quando acordou me deu um arrepio

Pegou o facão e veio contra mim

Com roupa e tudo me joguei no rio

Fui dar risada lá no outro lado

Da cascavel que o compadre engoliu

Se foi cantando Baile de Respeito

De Mais Respeito cantei e ele ouviu

E o sentimento que eu trago comigo

É não puder ver aonde a cobra saiu

A barriga do meu compadre parece cemitério e cobra!


Compadre Gildo de Freita me disse

Pra eu me virar numa cobra comprida

Pra engolir ele com exporá e tudo

Perca a esperança a parada é perdida

Eu vou ficar no mundo pra semente

Comigo ficam dez mulher querida

Fazendo letras de todas as cobras

Que por ti todas já foram engolidas

Não adianta mudar teu destino

Tu vai comer cobra toda a tua vida

Tu não é bruxo pra te escapar compadre.

Fim.


A Batalha das Cobras


Não há duvida que nas batalhas das cobras Teixeirinha saiu ganhando, mas na verdade a estratégia de provocações para vender discos estava atendendo aos dois.

E para finalizar estou aqui estreando aqui uma montagem para ilustrar este artigo. Seria uma trova imaginaria entre o Teixeirinha e o Gildo em base das músicas Cobra Jiboia, Abre o Olho Rapaz e a Cobra Cascavel.

Dessa forma encerro a briga das cobras e no próximo artigo vamos passar para as bailes.


Confiram também:


Gildo vs. Teixeirinha III

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