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sábado, 25 de abril de 2009

Gildo de Freitas – Recordação do Passado


Composição: Gildo de Freitas

Álbum: Gildo de Freitas E Sua Caravana

Ano: 1968



Recordação do Passado


Chamado passo d’areia

Foi o lugar que eu nasci

Foi ali que eu conheci

Cousas que a gente admira

Muçuns, jundías e trairás

Nos meus tempos de guri

Não é querer me exibir

Mas traíras davam tantas

Que nas quintas feiras santas

Nós pescávamos por ali


Mas quem tinha mais dinheiro

Terminou com o nosso apoio

Compraram nossos arroios

Findaram nossos pesqueiros

Um arroio companheiro

Pesqueiro de bom tamanho

Eram até praias de banho

Pra quem não tinha dinheiro


Naquelas partes mais altas

Por onde a água descia

Não eram só pescarias

Davam muitas produções

Auvoredo plantações

Com coatages e leitarias

Da terra tudo nascia

Pepino, feijão miúdo

Era uma terra para tudo

Aipim, melão e melancia


Mas pode crer minha gente

Que isto foi num disparato

Derrubaram até os matos

De angicos e Cambuíns

Foram se metendo assim

Que nem piolho em custura

E as hortas de verdura


Viraram todo em jardim


Está derrota foi feita

Em muitos poucos momentos

Foram abrindo loteamentos

E as construções vieram vindo

Outros vendendo e saindo

Mesmo que um papel no vento

Eu conto com sentimento

Tudo que era bom se foi

Plantação, cavalo e boi

Festança carreiramento

Tudo se foi no momento

E aonde pastava as vacas

Hoje só se enxerga placas

Aluga-se apartamentos


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Para conhecer mais letras e saber informações sobre as músicas do Gildo de Freitas acessem:

http://gildodefreitas.blogspot.com/2008/06/listagem-oficial-de-msicas.html


Para conhecer a trajetória pessoal e musical do Gildo de Freitas acessem sua Biografia:

http://gildodefreitas.blogspot.com/2008/06/biografia-do-gildo-parte-1.html


E não deixem de conferir também as brigas com Teixeirinha:

http://gildodefreitas.blogspot.com/2008/11/gildo-vs-teixeirinha-i.html

Gildo de Freitas – Gaúcho Guapo


Compositor: Gildo de Freitas

Álbum: De Estância em Estância

Ano: 1969


Gaúcho Guapo


Houve uma festa de muita importância

Era uma festa de gineteada

Foi promoção do dono da estância,

Pra dar um premio para a gauchada.

Tinha um picaço por nome esperança

No lombo dele não parava nada

Eu não sou cria de raça bem mansa

E resolvi de topar a parada


Eu cheguei lá no horário certo

Tava a fazenda toda enfeitada

Tava o picaço relinchando alerto

Metendo medo em toda a gauchada

Tava o patrão, uma filha perto

Já de vereda pedi a bolada

Eu sou gaúcho que não me aperto

E gosto mesmo de lida pesada.


Já de vereda eu apertei os cascos

Montei pra cima e baixei o laço

Fazendo cócegas só no sovaco

Cantarolando as esporas de aço.

Dava corcóvio de arrancar cavaco

Embodocava o lombo do picaço

Cada corcóvio que dava o velhaco

Eu dava nele dois ou três laçaços.


Corcoveou mais que meia hora

E eu sorrindo em cima do lombo

Dando comida pra minha espora

E abrindo talho se ia um rombo.

Corcoveiava muito campo a fora

Porem nunca sem me dar um tombo

Pra mim cair só de caipora

E a desgraça é coisa que eu não zombo


Esse cavalo parou de repente

Dando sinal que não podia mais

A trotezito voltei novamente

Fazendo tudo que um ginete faz.

Já encontrei o povo contente

Batendo palma e me dando cartaz

E disse a moça papai que vivente

Para ficar de seu capataz.


Eu aceitei a capatazia

Depois mais tarde me casei com a prenda

Foi o premio desta a montaria

Ganhei a china e aumentei a renda

E você comprem nessa livraria

Que existe um livro que conta essa lenda

Dei lhe porrete nele a reveria

Fiquei de dono daquela fazenda.


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(Agradeço ao Valderi José Preuss por enviar para o Blog Gildo de Freitas a letra desta música)



Para conhecer mais letras e saber informações sobre as músicas do Gildo de Freitas acessem:

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E não deixem de conferir também as brigas com Teixeirinha:

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Letras- Triste Fato


Gildo de Freitas não gravou e também não é de sua autoria, mas está em um de seus discos e portanto têm que ser citada.

Alias vale aqui lembrar o artigo “Gildo não gravou músicas de outros compositores”.

Fiquem com a letra.


Composição: Zé Mineiro

Álbum: Gildo de Freitas e seus convidados

Ano: 1975


Triste Fato


José Mendes o triste fato

Não me sai mais da idéia

Deixas-te letras famosas

Que tu vibravas as platéias

Primeiro foi Pará Pedro

Depois foi a Gaita Velha

Se tu levasse o violão

No céu faria uma estréia


Foi bem triste a sexta-feira

Que tu deixou de viver

Num acidente de carro

Que vieste a falecer

Deixaste tua patroa

E um filhinho a sofrer

Sofrendo a saudade tua

Por não poder mais te ver


Pra gente matar saudade

Eu já procurei um esquema

Pra escutar se bota um disco

Pra vê-lo vai-se ao cinema

Quando vai sua esposa

Fica cortida de pena

Por ver o gesto e a voz

È o artista é só a cena


Quando no radio anunciou

Eu senti forte badalada

As terras se estremeciam

As nuven ficou nublada

Em homenagem a sua alma

Veio forte chuvarada

E nunca mais escutei

Zé Mendes na madrugada


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Para conhecer mais letras e saber informações sobre as músicas do Gildo de Freitas acessem:

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sábado, 18 de abril de 2009

Poema Campeiro para Gildo de Freitas

A cerca de duas semanas recebi um e-mail do Gilmar Espindola (espindolagilmar@hotmail.com) da cidade de Viamão, pedindo para que se publicasse aqui no Blog Gildo de Freitas esse poema em homenagem ao Gildo de Freitas e aos trovadores.
Portanto está atendido o pedido e lembrando que o Gilmar Espindola está dedicando esse poema à dona Carminha Freitas, viúva do seu Gildo de Freitas.

Trova de Baitas


Vou lhes contar um caso
Que comigo aconteceu:
Já era de tardezinha
E logo anoiteceu;
Procurei abrigo
Embaixo de uma figueira,
Para da noite me proteger.
Como eu iria saber
Do que ia se passar?
E tranqüilo, com meus pensamentos,
Já que estava, ali, sozinho;
E a noite corria alta,
Me aparece um negrinho
Com uma cara de peralta,
Esquisito, de uma perna só,
E fumando um cachimbo estranho.
Logo foi me avisando
Que no lugar onde eu estava
A noite nunca parava,
Era mais movimentado
Do que estação de trem.
E que ali ninguém,
Que vivo estivesse,
Parava um só instante,
Pois. então. daí por diante,
Lhes conto agora o que ouve.
Depois, que o negro foi embora.

Não dei muita bola,
Pois ninguém me enrola.
Achei que era sacanagem
E acendi o meu paieiro.
Foi quando percebi
Um vulto em minha direção,
Tinha uma gaita num braço
E no outro um violão.
Sentou-se, ali, do meu ladinho,
Foi pegando o meu fumo
E fazendo um enroladinho.
E depois de uma bela tragada,
Soltando uma baforada,
Sem sequer me olhar me informou
Que ali onde estávamos
Há muito fora marcada
Uma destas derradeiras trovas;
E eu prova viva seria
De toda aquela cantoria.

Bueno! que lugar pra se cantar,
Meio deserto, pensei.
Decerto outra brincadeira.
Nisto, lá adiante, na porteira
Começou a chegar gente;
Vinham de todos os lados,
A se assentar em nossa frente.
Logo percebi um detalhe,
Que me deixou todo cabreiro,
Seus andares pareciam de mancos,
E todos vestidos de branco.
E pra não sair em disparada,
Imaginei que fosse combinada
A indumentária usada
Para aquela reunião.
Aí prestei mais atenção
Em outro detalhe muito esquisito:
Seus rostos não tinham feições,
E mesmo assim eram muito bonitos.

De repente ouvi um grito,
Que parecia que vinha lá do infinito.
Era o primeiro trovador chegando;
Pegou o violão e logo foi afinando.
E o outro chegou, no mesmo instante,
Todo radiante, aquele baita;
E se grudou na tal da gaita
E dedilhou uma sinfonia.
Que bonita melodia
E que qüera original!
E o outro bagual,
O tal do violão,
Me solta um mi maior de gavetão,
Que fiquei impressionado.
Que presente abençoado
Aquela bela ocasião!

Aí se aprontaram
Com seus instrumentos,
Um de cada lado.
Quando o da viola tocou,
O seu peito entoou
O seguinte verso, improvisado:
“Esta trova eu esperei
Calmamente, meu guri.
Por isso estou aqui,
Para ver do que és feito.
Mas sei que tu, sujeito,
Não vai dar nem pra saída.
E quero ver a tua ida
Mas cedo do que tu pensas.
E nem a recompensa
Terás daqui para a frente,
E vê se vais logo embora,
Ó criatura impertinente”!

O da gaita nem se incomodou
E começou seu repertório:
“Criatura impertinente
És tu, ô rato pequenino.
Trova é coisa de gente grande,
Mas antes que tu ande
Eu vou te dar um bom conselho:
Por causa do teu tamanho,
Que é de um fedelho,
És metido a cantador,
Passou a vida mentindo
E no rádio sempre grunindo,
Enrolando o expectador,
Volte pro teu lado do céu,
É o melhor que tu me faz;
Aqui eu é que sou o ás
E síndico deste bordel”!

Bah! pelo início da trova
Eu fiquei estarrecido.
Eu já tinha conhecido
Dois bacanas igual a eles:
Um era o do coração de luto
E o outro aquele dos passarinhos,
E em todos os meus caminhos
Sempre escutei eles com atenção;
Pra mim sempre foram campeões,
Os dois tinham o mesmo brilho,
Mas cada um tinha o seu estilo
Marcado por seus voseirões.

E aí, meus amigos,
Seguiram trovando
Por toda a madrugada.
Pareciam dois espadachins,
Num duelo de vida e morte.
E para a minha sorte,
Eu fui testemunha deste fato;
E lá, no meio do mato,
Quem diria, eu testemunharia
Este imenso espetáculo.

Mas como já estava amanhecendo,
Resolveram terminar outra noite.
E antes que o sol os açoite,
Se abraçaram sorridentes.
E junto com os outros presentes,
Se foram não sei para onde,
Só sei que pegaram um bonde.
E a impressão que me deu,
Pois já estava meio dormindo,
É que o bonde ia subindo,
Em direção ao céu estrelado.
Meio complicada aquela saída;
Resolvi dar uma dormida
E me virei pro outro lado.

Depois que acordei,
Parecia até que eu tinha sonhado.
Foi quando eu achei um papel,
Com tudo da trova anotad0.
E nele tinha um recado
Me pedindo pra divulgar
A trova daquele lugar,
Meio estranha, por sinal.
Mas, depois, quando eu tiver tempo,
Ou a qualquer momento,
Escrevo para vocês
Este meio final,
Porque ficaram de voltar
Para a trova terminar,
Os dois fulanos de tal.

E, agora, por onde eu ande
Sempre escolho uma figueira,
Para poder me abrigar.
E ainda espero eles voltar,
Mas vai depender da sorte;
E nas noites de céu estrelado
Eu fico cuidando pro norte,
Pois foi o rumo que tomaram
Depois daquela apresentação.
Tenho certeza que voltarão
E isto me anima a mente.
E quando noto uma estrela cadente
Me salta o coração,
Pois aquelas duas feras vieram
Neste tipo de condução!

Autor: Gilmar Espindola

Adair de Freitas - Homenagem a Gildo de Freitas

Hoje publico aqui a música em homenagem a Gildo de Freitas composta e interpretada por Adair de Freitas, que apesar do sobrenome não têm parentesco próximo com o Gildo.


Homenagem a Gildo De Freitas

(Adair De Freitas)


Ouçam gaúchos,

Do rincão de ponta a ponta

Façam de conta

Que o meu canto não é triste

Venho falar

De um homem simples e sem luxo

Um bom gaúcho

Que entre nós já não existe


Eu tenho asco

Dessa tal morte maleva

Que chega e leva

Não pergunta, nem respeita

Levou pra sempre

Pro caminho sem regresso

O rei do verso

Trovador Gildo De Freitas


Para a família

Deste ídolo do povo

Eu que sou novo

Venho dizer com respeito

Que acompanho

Com pesar o sentimento

Que no momento

Também mora no meu peito


Muitos perguntam

Se ele era meu parente

Sinceramente,

Eu não sei se é na verdade

Por ter o mesmo

Sobrenome, não abuso

Me orgulho e uso,

Com respeito e humildade


Hoje seus fãs

Que são milhares nesta terra

Seja na serra,

Na fronteira ou litoral

Ouvem seu canto

Galopeando junto ao vento

Ou mar adentro

Onde o rio vem lamber sal


E o próprio tempo,

Que não para infelizmente

Só vai pra frente

Nem repisa o próprio rastro

Há de mostrar

Que és imortal para teu povo

Nasces de novo

Em cada flor que vem do pasto


Gildo De Freitas,

Espelho dos trovadores

Cantaste as flores,

A saudade e o tormento

Dramas tão tristes

E alegrias sem maldade

Quantas verdades

Brotaram do teu talento


Se alguém quiser

Ter o lugar de rei da trova

Não se retova

Nem se esquece desse nome

E limpa a boca

Toda vez que for falar

Pra não sujar

A imagem bugra desse homem


E limpa a boca

Toda vez que for falar

Pra não sujar

A imagem bugra desse homem

sábado, 11 de abril de 2009

Gildo de Freitas – Sombra de Cestia


Atendendo ao pedido do Carlos Alberto Fiorenza.

Compositor: Gildo de Freitas
Álbum: Gildo de Freitas – Zezinho & Julieta
Ano: 1971

Sombra de Cestia

Figueira sombra da cestia
Com certeza estais lembrar
Quando eu com minha amada
Nois passava as tardes inteiras
Ela ria de faceira
Trocamos beijos e carinhos
Que nem casal de pombinhos
Na tua sombra figueira

Me lembro da tua sombra
Eu tive momentos felizes
Mas hoje o destino quis
Que eu pegasse outro caminho
Te lembra quantos carinhos
Ela fazia pra mim
Tudo aquilo teve um fim
Por isso eu voltei sozinho

Por incrível que pareça
Minha querida figueira
Me roubaram a companheira
Eu nem sei que fim levou
Te conto o que se passou
Não é que eu seja covarde
Quero chorar esta tarde
Nesta sombra que restou

Não me censures figueira
Pela loucura que faço
Eu venho neste cansaço
Não posso ser mais feliz
Os teus galhos são Juiz
Deste meu grande fracasso
Por eu não ter nos meus braços
A mulher que eu tato quis

Figueira eu junto de ti
De tudo eu serei capaz
Não quero ver nunca mais
Essa falsa criatura
Para cumprir minhas juras
Eu trouxe esta cavadeira
Na tua sombra figueira
Quero a minha sepultura

Para conhecer mais letras e saber informações sobre as músicas do Gildo de Freitas acessem:

http://gildodefreitas.blogspot.com/2008/06/listagem-oficial-de-msicas.html

Para conhecer a trajetória pessoal e musical do Gildo de Freitas acessem sua Biografia:

http://gildodefreitas.blogspot.com/2008/06/biografia-do-gildo-parte-1.html

E não deixem de conferir também as brigas com Teixeirinha:

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Gildo de Freitas – Cantando pra Lua

Atendendo a solicitação do Carlos Alberto Fiorenza.


Compositor: Gildo de Freitas
Álbum: Gildo de Freitas-Participação Especial dos Taytas
Ano: 1976

Cantando pra Lua

Ai vai surgindo à lua Cheia como é linda
Com os seus raios luminosos cor de prata
Eu me recordo quando a lua vem surgindo
Das noites lindas que eu fazia serenata
Oh Lua Cheia o teu luar não envelhece
E reconhece que pra ti eu já cantei tanto
Porque deixaste eu ficar assim velhinho
Hoje caio do meu pingo quero cantar e não canto

Quando eu enxergo o clarão da lua cheia
Me dá vontade de andar pelas estradas
Ansiosamente meu coração balanceia
Oh Lua Cheia cadê minhas namoradas
Eu hoje em dia não canto mais serenata
Porque a velhice matou a minha mocidade
Eu vejo a lua luminosa cor de prata
E pouco a pouco vou morrendo de saudade
-É brabo mas a saudade malvada mata a gente!

Quando eu morrer peço aos meus companheiros
Me largue no terreiro e alguém cantando na rua
No meu caixão me ponham um violão junto
Pode ser que meu defunto ainda cante para a Lua
Na minha campa dia santo e de finado
Quero cantiga quero sorrisos e palmas
O capelão que reze um terço cantado
Será só isso que alegra a minha alma
-Vamô fecha as porteiras rapaziada

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Gildo de Freitas – Brincando com a Rima


O Evandro Dinho pediu e aqui está mais uma letra no Blog Gildo de Freitas.



Compositor: Gildo de Freitas

Álbum: Gildo de Freitas E Sua Caravana

Ano: 1968


Brincando com a Rima



Fui convidado pra parar Rodeio

Me levantei no outro dia cedo

Peguei o pingo botei um arreio

Porque do laço eu nunca tive medo

Porque do laço eu nunca tive medo

Peguei o pingo botei um arreio

Me levantei no outro dia cedo

Fui convidado pra parar Rodeio

-Um Gaúcho Bueno não têm medo nem da aspa do touro seu!


Eu cheguei lá o rodeio era outro

Era pialo de laço de fita

Eu pensei que era pra laçar potro

Mas fui laçar uma china bonita

Mas fui laçar uma china bonita

Pensei que era pra laçar potro

Era pialo de laço de fita

Cheguei lá o rodeio era outro

-É muito melhor!


Nesse rodeio de china faceira

Já de vereda atirei o meu laço

E lacei logo uma carboteira

E trouxe presa junto ao meu braço

E trouxe presa junto ao meu braço

E lacei logo uma carboteira

Já de vereda atirei o meu laço

Nesse rodeio de china faceira

-E não afrouxo mais!


Está vivendo lá no meu ranchinho

Está mansinho aquela carboteira

Foi laçando assim devagarinho

Que eu arranjei a fiel companheira

Eu arranjei a fiel companheira

Eu fui laçando assim devagarinho

Está mansinho aquela carboteira

Está vivendo lá no meu ranchinho

Está vivendo lá no meu ranchinho

Está mansinho aquela carboteira

Foi laçando assim devagarinho

Que eu arranjei a fiel companheira

Eu arranjei a fiel companheira

Eu fui laçando assim devagarinho

Está mansinho aquela carboteira

Está vivendo lá no meu ranchinho


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sábado, 4 de abril de 2009

Gildo de Freitas Vs. Teixeirinha IV

Dando prosseguimento a seqüência de artigos que abordamos a rivalidade entre os dois mais populares nomes da música do Rio Grande do Sul.

Gildo de Freitas Vs. Teixeirinha I
Gildo de Freitas Vs. Teixeirinha II
Gildo de Freitas Vs. Teixeirinha III

E agora fiquem com a quarta parte:

Teixeirinha mexe com o Gildo!

Talvez a música que o Gildo de Freitas tenha feito para responder Baile de Mais Respeito e Cobra Cascavel tenha sido “Não mexa com quem está quieto” do Lp “Gildo de Freitas E Sua Caravana” de 1968. Nessa música Gildo de Freitas canta em tom de desafio a Teixeirinha e sem modéstia nenhuma afirma que ninguém é capaz de vencer ele na rima demonstrando de que ele tinha consciência de que era o mais talentoso trovador de seu tempo fazendo jus ao seu titulo de Rei dos Trovadores.
Diz também que é melhor para Teixeirinha ter questões contra a lei do que ter questões contra Gildo de Freitas e manda ele se lembrar das provas que ele deu em suas brigas. Essa música pode ser considerada a resposta do Gildo a música do Teixeirinha “A cobra Cascavel” pois é a música que vem em seguida a ela. Por fim para resumir diz que Gildo Freitas não é bom inimigo.
Fiquem com a letra:

Não mexa com quem está quieto

Eu tenho dó de algum contrario
Que com essa idéia pensa
Que apareça quem me vença
Morre de velho e não vê
Deus me consentiu nascer
Vim no mundo para exemplo
Não morro antes do tempo
E não corro sem vê do que

Eu peço perdão ao povo
Sei pra quem estou propondo
Eu Sou um gaúcho redondo
Eu não foi feito quadrado
Eu rolo pra qualquer lado
Quando o perigo vem vindo
Eu conheço o cego dormindo
E também o rengo sentado

Um contrario me vencer
É o mais custoso que eu acho
Só se o céu descer pra baixo
E a terra subir pra cima
Os astros mudar de clima
Trocar verão por inverno
Mudar o céu pra o inferno
Depois eu perco na Rima

É mais fácil burro voar
O galo ciscar pra frente
As galinhas criar dentes
As vacas botarem ovo
Já pedi perdão ao povo
Mas é preciso eu dizer
Contrario pra me vencer
Só que ele nasça de novo

Eu te aviso Teixeirinha
Ligeiro com pouco prazo
Não convém tu criar caso
Que é pra evitar o perigo
Eu não sou bom inimigo
Já sabe as provas que eu dei
Antes pelear contra a lei
Do que ter questões comigo
-Vai abrindo o olho xiru.


Não mexam como o Teixeira!

A resposta do Teixeirinha não tardou e foi em alto estilo na música “Foi Tu que Mexeu Comigo” de 1968 do Lp Ultima Tropeada.
Teixeirinha na letra se defende dizendo que nunca provocou ninguém e também ataca insinuando que Gildo de Freitas quer fazer sucesso na carona do cartaz de Teixeirinha.
Mas o que mais me chamou a atenção nessa letra foi o trecho onde Teixeirinha diz:

“tu já no primeiro disco
pensaste que eu era arisco
tentou me jogar no cisco
e a resposta recebeu “

O primeiro disco do Gildo de Freitas foi “Gildo de Freitas – O Trovador dos Pampas” de 1964 e não há nenhuma música provocando Teixeirinha que possa ser percebido claramente, entretanto o Teixeirinha em Baile de Mais Respeito usou como pano de fundo o Baile no Chico Torto para provocar o Gildo o que me leva a interpretar que Baile no Chico Torto possa ter sido de alguma forma uma música que provocou Teixeirinha, até porque o Chico Torto é um local verídico em São Borja e não seria demasiado pensar que Gildo e Teixeirinha tenham se apresentado e ter acontecido algum episodio de amarga lembrança para o Teixeirinha já que ele afirma que o Rei dos Trovadores teria tentando provocar e a resposta recebeu.
Música que conta com a participação da Mary Terezinha no coro.
Mas agora vamos a letra da música.


Foi tu que mexeu comigo

Coro:
//: “Tem desafio vamos prá lá minha amiguinha”.
“vamos rir do Gildo Freitas nas unhas do Teixeirinha” ://

Gildo Freitas abre os ouvidos
Escute minha resposta
Não sei se gosta ou não gosta
Se não gostar tanto faz
Tua letra escutei bem
Alguma inverdade tem
Nunca provoquei ninguém
Isso é calúnia rapaz
Me chama de teu contrário
Tu pensas que eu sou otário
Não vem bancar o vigário
Na aba do meu cartaz

//: “Tem desafio vamos prá lá minha amiguinha”.
“vamos rir do Gildo Freitas nas unhas do Teixeirinha” ://

Gildo eu conheço o teu jogo
Queres cortar meu caminho
Eu sempre vivi sozinho
Com aquilo que deus me deu
Tu diz ser o pai da rima
Também entendo da esgrima
Não queira alcançar lá em cima
Aquilo que não é teu
Tu já no primeiro disco
Pensaste que eu era arisco
Tentou me jogar no cisco
E a resposta recebeu

//: “Tem desafio vamos prá lá minha amiguinha”.
“vamos rir do Gildo Freitas nas unhas do Teixeirinha” ://

Eu te respondo de novo
Lá vai o que tu procuras
Petiço da perna dura
Eu boto ferro no casco
Arranco o tigre da toca
Jibóia vira em minhoca
Como pirão por paçoca
Amanso qualquer carrasco
Troco baixada por serra
Faço o sol descer na terra
Trovador macho não berra
E acabo com teu fiasco

//: “Tem desafio vamos prá lá minha amiguinha
“vamos rir do Gildo Freitas nas unhas do Teixeirinha” ://

Vou te ensinar Gildo Freitas
A respeitar um Teixeira
Meus fãs não são brincadeira
Prá ouvir tua ladainha
Quem me desafia é louco
Deve ter água no poço
Te faço sentar no toco
Comer cobra por galinha
Quer desafio faça a festa
Marque o dia e o que me resta
É marcar na tua testa
O nome do Teixeirinha


Para ilustrar este artigo fiz novamente uma montagem com as duas músicas para que de alguma forma imaginarmos o que seria a trova a distância que muitos historiadores afirmam ter sido a relação de Gildo de Freitas e Teixeirinha através dos discos.




Gildo foi muito incisivo e agressivo em sua música e Teixeirinha foi mais ameno e tentou até fazer uma música mais cômica. Desta vez a briga foi parelha, não ouve vantagem para ninguém. Até aquela altura a relação pessoal e profissional era amistosa, tudo sempre levado na brincadeira mas já se tornava cada vez mais freqüente as fofocas em relação ao que um pensava do outro.
O próximo capitulo será com as músicas Milonga da Fronteira e Resposta da Milonga na quinta parte do Gildo Vs. Teixeirinha.

Blog em homenagem a José Mendes

Semana passada através da comunidade do José Mendes no Orkut descobri a existência de um blog em homenagem ao José Mendes.

No ano passado escrevi um artigo sobre José Mendes aqui nesse Blog Gildo de Freitas mas sempre tive a expectativa que alguém criasse um Blog ou site em sua homenagem. Pois o João Filme de Cinema que há anos têm trabalhando na preservação de áudios e vídeos, criou o
Blog CANTORJOSÉMENDES .

Portando no endereço http://josemendescantorgaucho.blogspot.com têm textos e muitas imagens do acervo do João Filme de Cinema que ele compartilha com todos nós.

Mais uma opção na Web para aqueles que buscam na Internet informações sobre os grandes nomes da música do Rio Grande do Sul de todos os tempos.

E como não poderia ser diferente o Blog Gildo de Freitas recebe com grande satisfação mais este parceiro e ainda fica na esperança que surjam mais gaúchos e gaúchas apaixonados(as) pela música do Rio Grande do Sul e com muita disposição e informação para criar e manter Blogs e Sites sobre a historia da música gaúcha.